muitos caixões sem corpos,
muitos mortos sem caixão,
a família chorando com razão.
Torturas imensas
sangue pela chão
Havia poucos morrendo de paixão.
O vermelho era pecado,
chumbo a salvação.
O medo foi imperador,
as armas sua faca.
Era uma praia para os masoquistas
e um modo de enlouquecer os que eram sãos.
Mas havia guerreiros contra a escuridão.
Guerrear era lema, vencer era a salvação.
A resistência era forte com luz nas mãos.
A língua calada mirando o céu da boca
quer a liberdade, quer ser ouvida.
A luz precisou matar.
Poucos caixões sem corpos,
poucos mortos sem caixão,
a ditadura se arrefecendo com razão.
O chumbo tremeu de medo e desespero,
rachava sua intangivilidade aos poucos
de forma:
Lenta como o desabrochar de uma flor,
Gradual como o crepúsculo,
Segura como a morte.
No chumbo havia uma parte mais grossa, dura.
Quis parar a perda da intangibilidade, mas
como o destino traçou caminhos
querer mudá-los é algo... flamável.
Finalmente,
O chumbo não rachou, esfarelou-se.
Suas cinzas foram levadas pelo vento
aderiram por ai e vivem até hoje.
Ao farelo concedido perdão,
as torturas não!!!
Agora,
a língua vê dois céus,
as cordas vocais retornaram as suas funções.
É tempo de gritar desprovido de humanidade.
Já não é preciso ter medo,
pois muitos morrem de paixão.
21 anos foi preciso para sufocar o mal
que venha os próximos.
O passado nos dá as linhas do futuro, o presente as consequências do passado.
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