terça-feira, 26 de novembro de 2013

Poema - Porcaria



Me acostumei a sentir dor
e fiquei alérgico a cura.

Meu mundo está corroído por sangue e também
alérgico ao vento.

Ao que parece o passeio na superfície me fez mal.
Ao que parece sou um peixe que vive sem água e oxigênio.
Ao que parece minhas escamas doidamente deram lugar a pele
tão mais dura suportar.
Ao que parece: ao que parece não aguento tinta.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

POEMA - Entranhas




Meus braços
caem envolta do corpo.
Sou brasa de fim de fogueira,
tinta molhada prestes a se ressecar,
pois o pintor me terminou faltando partes.

Contesto o que já perdi.
Embrulhado pronto para a entrega...
mera ilusão. 
Essa insanidade clandestina
me invade e eu abraço.
Faço em pedaços minha sanidade real.

Meus lábios são rochas enrijecidas pelo frio e
rachadas pelo calor.

O grito já se foi, o que mais falta ir?